MARIA CLAUDIA MACIEL: UM DOS ROSTOS MAIS LINDOS DA HISTÓRIA DA TV BRASILEIRA

 


por Chico Marques

Muita gente não consegue entender como uma estrela como Maria Cláudia, que tinha lugar cativo como protagonista nas novelas da TV Globo nos Anos 70 e 80, sumiu do mapa de uma hora para outra 25 anos atrás -- para reaparecer só de uns anos para cá em algumas novelas da TV Record.

Mas existe um motivo para isso. 

Depois de muito comemorar no Reveillon de 1984 para 1985, sua voz -- sensualíssima, marcante ao extremo -- desapareceu repentinamente. Alguns dias se passaram e nada da voz voltar. Então, ela resolveu se submeter a um tratamento para resolver o problema. Foi quando descobriu que tinha desenvolvido cancer nas cordas vocais. Afastou-se por sete anos do trabalho para fazer reeducação vocal, mas quando voltou falava de uma maneira totalmente diferente. A sensualidade original de sua voz deu lugar a um tom mais rouco com o qual ela custou a se acostumar.

"Eu perdi meu pai, minha melhor amiga, que eu considerava uma irmã de sangue, e minha mãe, um depois do outro. Minha mãe morreu em 28 de agosto de 1984. Pensei que fosse a última perda, mas então no Reveillon daquele ano fiquei sem a voz. Eu tinha perdido tudo o que eu tinha na minha vida. Sou filha única. Fiquei sozinha. Então, voltei com a voz rouca, mas tem tanta atriz assim, né? Não sou o tipo de pessoa que fica chateada e magoada. Achei que a vida estava me colocando para fazer mais teatro. Acredito em desígnios. E aprendi que as portas se fecham, mas também se abrem. Quem fica magoada fica com a energia estagnada. Não quero raiva, mágoa, esses sentimentos dentro de mim."













Nascida no Rio de Janeiro dia 09 de outubro de 1949, filha única de uma pianista e um médico, Maria Cláudia desde criança chamava atenção por seu carisma, sua fotogenia e sua indisfarçável veia artística.

Foi bailarina clássica, ganhou vários concursos de beleza, e na adolescência apareceu em revistas como uma garota da alta sociedade carioca dos anos 60.

Debutou no Palácio do Itamaraty e, ao ingressar na vida adulta, passou dois anos nos Estados Unidos através de um intercâmbio, onde adquiriu uma vivência diferente da qual estava acostumada, proporcionando-lhe uma outra visão de mundo, além de aprimorar o seu inglês.

Sua carreira profissional na TV começou em 1969, na extinta TV Rio, como apresentadora do “Telejornal Pirelli”, com Luís Jatobá e Cid Moreira, mas não sossegou muito tempo por lá. Na TV Globo, para onde foi no final daquele mesmo ano, Maria Claudia começou apresentando programas como “FIC Festival Internacional da Canção” (1970-1971) e “Alô Brasil, Aquele Abraço” (com José Augusto Branco, Arlete Sales, Lucio Mauro, entre outros), tornando-se rapidamente um dos rostos mais marcantes da emissora.

Pouco tempo depois, Maria Cláudia seguiu para o núcleo de produção de novelas e minisséries da emissora, onde ganhou projeção nacional, graças a sua beleza e a seu talento. Seu belo rosto, seu corpo esguio e sempre bronzeado e seus maravilhosos olhos verdes ajudaram a dar vida a várias personagens da teledramaturgia brasileira.

A primeira delas foi Patrícia, uma garota de 15 anos, filha de Dina Sfat e Jardel filho, na novela "Verão Vermelho". Em seguida vieram a malvada Verinha de "Minha Doce Namorada", a sedutora Gisa de "O Bem Amado", a jovem Estela que rouba Tarcisio Meira de Glória Menezes em "O Semideus", e ainda uma das prováveis vítimas de Ziembinski em "O Rebu". Seus papéis mais marcantes na TV foram a dançarina Doralda, uma das integrantes do Cabaré de Madame Naná em "Nina", além de Shana em "Te Contei?", Bibinha em "Feijão Maravilha", Amanda em "Plumas e Paetês" e Luiza em "Pão Pão Beijo Beijo".

Foi capa de inúmeras revistas -- entre elas a PLAYBOY, onde posou em duas ocasiões diferentes -- e é considerada uma das mulheres mais bonitas do Brasil durante os anos 70. Foi casada por 40 anos com o filósofo, escritor, jornalista, roteirista e diretor de teatro Luiz Carlos Maciel (1938/2007), com quem trabalhou como produtora em diversas peças, sempre mantendo sua vida pessoal distante do olho público.

Cláudia, ainda hoje, gosta de posar para fotos com um crucifixo italiano de pedras verdes. O talismã dado por sua mãe é o acessório que a atriz usava na época em que sua imagem estava nas principais revistas do país. Aos 71 anos de idade, Maria Cláudia continua na ativa. Vaidosa, gosta de posar para fotos com um crucifixo italiano de pedras verdes que foi presente de sua mãe -- e que era o acessório que mais usava na época em que sua imagem estava nas principais revistas do país.

"As pessoas dizem que parei porque eu não estou na Globo. Na verdade, não pintou mais nenhum convite. Tenho o maior carinho por todos na Globo, mas, como não me chamavam, e pedra que não rola cria limo, pensei que estava na hora de correr perigo. Nascer, viver e morrer no mesmo lugar é muito limitador, e então, depois de "Deus Nos Acuda" (1992), de Silvio de Abreu, fui tentar a sorte em outras emissoras. Foi o jeito. Sou agitada demais para ficar sentada esperando as coisas acontecerem. Sem contar que não dá pra ficar sem trabalhar, não é mesmo?"

















1970 Verão Vermelho (novela, Globo)
1970 Assim Na Terra Como No Céu (novela, Globo)
1971 Minha Doce Namorada (novela, Globo)
1971 Caso Especial (série, Globo)
1972 Selva de Pedra (novela, Globo)
1973 O Bem-Amado (novela, Globo)
1973 O Semideus (novela, Globo)
1977 Nina (novela, Globo)
1978 Te Contei? (novela, Globo)
1979 Feijão Maravilha (novela, Globo)
1980 Plumas e Paetês (novela, Globo)
1981 Terras do Sem-Fim (novela, Globo)
1983 Moinhos de Vento (minissérie, Globo)
1983 Pão Pão, Beijo Beijo (novela, Globo)
1992 Deus Nos Acuda (novela, Globo)
1994 Você Decide (seriado, Globo)
2004 A Escrava Isaura (novela, Record)
2004 Linha Direta (seriado, Globo)
2007 Caminhos do Coração (novela, Record)
2007 Amor e Intrigas (novela, Record)
2010 Uma Rosa Com Amor (SBT)







1971 Bonga, O Vagabundo
(direção: Victor Lima) 
1972 Independência ou Morte
(direção: Carlos Coimbra)
1976 O Flagrante
(direção: Reginaldo Farias)
1977 Um Marido Contagiante
(direção: Carlos Alberto de Souza Barros)
1978 Se Segura, Malandro
(direção: Hugo Carvana)
1979 O Coronel e o Lobisomem
(direção: Alcino Diniz)
1981 Eros, o Deus do Amor
(direção: Walter Hugo Khouri)


































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