MISSING: SALLY KIRKLAND



Sally Kirkland tinha tudo para ser uma atriz de primeiro time. Filha de uma editora das revistas LIFE e VOGUE, bastou ela dizer aos 12 anos de idade que queria ser atriz que sua mãe já a inscreveu no Actors' Studio, de Lee Strasberg. Mas Sally era da pá virada, e ao invés de seguir carreira pelas vias tradicionais -- teatro, cinema, TV --, ela se envolveu com a Factory de Andy Warhol's Factory, tornando-se artista performática e militando no Movimento Avant-Garde Multimedia Novaiorquino dos Anos 60. Só quando o Movimento se esvaziou no início dos Anos 70, ela foi tentar a sorte em Hollywood. Conseguiu alguns pequenos papeis em filmes como Golpe de Mestre e Private Benjamin, que lhe deram alguma projeção. Mas não tinha jeito: ela era doida demais para o mainstream hollywoodiano. Nos Anos 1980, Sally enveredou pelo cinema independente e emplacou alguns filmes muito interessantes --como Anna (1987), um filme claustrofóbico sobre uma famosa atriz checa que vive uma vida anônima num ghetto em Nova York, que lhe rendeu um Golden Globe de Melhor Atriz Dramática e uma indicação para o Oscar. Mas infelizmente, Sally escolheu muito mal seus papeis daí por diante, conspirando abertamente contra sua própria carreira, e protagonizou uma longa sequência de filmes eróticos de quinta categoria -- que, revistos hoje, são tão camp que até chegam a ser artisticamente atraentes. Aos 79 anos de idade, Sally Kirkland é um caso típico de "best thing that never happened": a grande atriz que nunca desabrochou como deveria, e que, por conta disso, nunca teve a carreira que merecia ter tido. Teria ido longe, se não fosse tão louca -- mas, por outro lado, se fosse mais comportada, não seria Sally Kirkland (Chico Marques).


































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